quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ciclismo


Gustavo Moreno/CB
Quem é ele Nome: João Schwindt Nascimento: 14/9/1977 Local: Brasília (DF) Peso: 68kg Altura: 1,75m Categoria: C5
Andar de bicicleta sempre esteve na rotina do servidor público João Schwindt, mas ele não imaginava que um dia teria a chance de competir em meio aos destaques mundiais. A possibilidade ficou ainda mais remota quando, aos 14 anos, foi atropelado enquanto pedalava. O acidente afetou o braço direito de João, deixando-o com cerca de 1,3kg de assimetria em relação ao membro esquerdo. Entretanto, quem via o brasiliense em atividade notava que, se trabalhada, aquela pedra bruta poderia virar uma joia.

“Antes, não havia acompanhamento. Ele andava de bicicleta e fazia força em alguns momentos. No ciclismo, há os talentosos e os perseverantes. O João se encaixa nos talentosos, mas estava agindo como perseverante”, conta o fisiologista Renato André Silva. Em dois anos de treinos, João já briga por uma vaga na Paraolimpíada de Londres-2012, na categoria C5, dedicada a pessoas com pequeno prejuízo em função da deficiência física, normalmente nos membros superiores.

Aos 33 anos, o ciclista candango é o terceiro melhor do país e está na fase final de preparação rumo ao Mundial da Dinamarca, em 9 e 11 de setembro. A competição distribui a maior pontuação para o ranking paraolimpíco. Serão provas de estrada e contrarrelógio. O Brasil também estará representado pelos dois concorrentes de João na disputa pela vaga nos Jogos de Londres-2012: Soelito Gohr, líder da lista de classificação nacional, e Lauro Chaman, segundo colocado.

Com objetivo de incrementar o treinamento e obter um bom desempenho nas provas, João Schwindt foi submetido a uma bateria de testes físicos, que identificou pontos fortes e fracos do atleta. A partir dos exames, notou-se o privilegiado sistema cardiorrespiratório do competidor e a necessidade de inserir a musculação com treinos específicos na pesada rotina. As atividades são diárias, com folga apenas na segunda-feira, e intensificadas nos fins de semanas, quando o trânsito é menor.

Atleta investe no reforço muscular 

Com o trabalho de fortalecimento muscular, João já conseguiu aumentar em 50 watts a potência (força), passando de 330w para 380w (400w é o objetivo dos ciclistas de alto rendimento) e se aproximando do líder do ranking brasileiro Soelito Gohr. “A partir do momento que se sabe como o corpo reage, é possível sistematizar o treino. O ciclismo é feito por um pensamento muito empírico e organizar isso é a chave para o sucesso”, explica o fisiologista Renato André Silva. “Às vezes, a pessoa treina muito e tem um ganho rápido, mas ninguém aguenta um ritmo intenso por longo tempo e se cansa”, completa. A meta agora é manter a potência, a respiração e melhorar a técnica, ganhando experiência e aprendendo a “ler a prova”.

Saiba mais
Categorias do ciclismo paraolímpico

Quanto maior o grau de dificuldade de locomoção, menor é o número da classificação. Veja abaixo.
» C1: para atletas com maior grau de deficiência, como amputação em um membro superior e em um inferior.
» C2, C3 e C4: para atletas com amputação em um dos membros.
O enquadramento em cada uma delas depende da dificuldade de locomoção.
» C5: para atletas com pequeno prejuízo em função da deficiência, normalmente nos membros superiores.
» T1 e T2: para atletas que necessitam de triciclos para competir. O grau de dificuldade de locomoção é avaliado para classificar o atleta na categoria.
» Tandem: para ciclistas com deficiência visual. A bicicleta é dupla.
Na frente, um ciclista com visão e, no banco de trás, o atleta cego.
» Handbike: para atletas paraplégicos. A bicicleta, neste caso, é impulsionada
    com as mãos.

Estatísticas e curiosidades
Principais resultados em 2011:

» Campeão da prova de estrada da etapa do Canadá da Copa do Mundo
» Vice-campeão da prova de contrarrelógio da etapa do Canadá da Copa do Mundo
» Campeão brasileiro de contrarrelógio
» Vice-campeão Brasileiro de estrada
» Vice-campeão do Torneio de inverno (atletas sem deficiência)

Critério de seleção
A pontuação no ranking paraolímpico é destinada aos países e serve como critério para definir o número de competidores por delegação. A partir dessa classificação, os comitês nacionais escolherão seus representantes em Londres. Nas últimas Paraolimpíadas, o Brasil conseguiu apenas uma vaga. Há expectativa de que sejam obtidas três para os Jogos de 2012.

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