Durante a semana existem problemas. Porém, é aos sábados que a Cidade Universitária se transforma em um grande clube para práticas esportivas. Corredores ocupam faixas laterais da rua, também utilizadas por ciclistas. Estes, em grande número, ocupam faixas também utilizadas por veículos, deixando os motoristas insatisfeitos. “É uma guerra entre corredor e ciclista aos sábados. E durante a semana, à noite, a gente tem problema com motoristas”, diz Daniela Braz, que corre na USP desde 2009. O ciclista Luiz Eng, afirma que “a falta de respeito é mútua. Tem ciclista que treina aqui e invade faixa de pedestres, xinga, é mal educado e tem muito corredor e motorista de carro que também faz isso”.
Cada grupo discorda sobre quem deve dar preferência no trânsito. “Eles [ciclistas] tinham que estar na faixa deles, mas eles ocupam a rua toda. Então a gente quer passar e eles não deixam”, reclama Joaquim dos Santos, motorista de uma das linhas de ônibus que circulam pelo campus. Já para os ciclistas, é mais fácil corredores e motoristas pararem ou reduzirem a velocidade. Maria Isabel Guiti, ciclista, explica que é difícil para eles pararem porque pedalam com os pés presos aos pedais. “Não conseguimos parar rapidamente porque caímos”.
Falta de espaço
A falta de local adequado na cidade para a prática esportiva faz com que as ruas do campus sejam disputadas. “Em São Paulo hoje, a USP é o único lugar mais ou menos fechado que dá pra pedalar”, diz o triatleta Márcio Santanna. O diretor do Cepe, Carlos Bezerra de Albuquerque afirma que há outros espaços para a corrida. “Existe o Parque do Ibirapuera. O grupo de nosso curso de corrida inclusive vai treinar no Bosque Morumbi também. Mas para o ciclismo, realmente não há espaços”.
Tem circulado na universidade a sugestão de criar ciclovias para resolver o problema. A ideia, porém, é controversa. “Minha opinião é a de que a USP precisa de uma ciclovia. Mas ela não teria como comportar os atletas de ciclismo”, afirma opina Albuquerque. Eng explica que não adianta pensar em uma ciclovia, pois ela é para quem passeia de bicicleta. Os atletas de treinam em velocidade, chegando a pedalar a até 35km/h.
Outra questão levantada é a do velódromo. “Nós temos um velódromo aí, que está basicamente desativado”, acusa o ciclista Cyrio Dias Filho. De acordo com o diretor do Cepe, a instalação pode ser utilizada. “Se um ciclista ou um grupo conversar comigo e quiser treinar no velódromo não tem problema nenhum”, afirma. Ele ainda explica que o velódromo não está desativado. “O espaço é usado para eventos, principalmente festas. Temos salas em uso nos prédios também. Apenas as arquibancadas que estão paradas”.
Falta orientação
Ciclistas, corredores e motoristas dizem que nunca foram procurados pela universidade para conversar sobre o problema. “Ninguém nunca chegou pra falar disso com a gente”, afirma o motorista de ônibus de linha Derlandes Ventura Brandão. Albuquerque discorda. “A universidade está conduzindo muito bem o problema. Inclusive, já está marcada uma reunião entre a Cocesp e os ciclistas no começo do mês de setembro”, afirma. A Cocesp diz por meio de sua Divisão de Relações Institucionais que “a reunião será com representantes dos ciclistas, associações e federações de esportistas. A ideia é propor um novo padrão de comportamento e de uso do campus”.
Também há planos para a criação de ciclofaixas nas principais avenidas do campus para uso da bicicleta como meio de transporte. Segundo a Cocesp, medidas para resolver o problema dos atletas devem ser tomadas ainda neste ano. “Está em estudo um projeto que pretende separar as áreas de treino de ciclistas e corredores, envolvendo a Cocesp, a EEFE, o Cepe e outros docentes da USP. A meta é que essa norma esteja definida ainda neste semestre”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário